sexta-feira, 18 de março de 2011

Sobre a poesia


Não sei muito bem a primeira vez que li uma poesia, mas me recordo das muitas vezes, ainda na infância, quando ia à biblioteca pública tomar emprestados livros de contos e poesias infantis. Ficava maravilhado com aquelas estórias e versos tão simples e encantadores, que engrandeciam os sonhos e pensamentos de uma criança, que ainda sem conhecer o velho lugar-comum, já sabia que “quem lê viaja.”
Segundo o dicionário Aurélio, poesia é a “arte de escrever em verso.” Para mim a poesia é algo assim... como posso explicar....vejamos... sei lá! Certa vez, conversando com uma pessoa de muita estima, ela falou que o sentimento não se explica, se senti. A poesia é a mesma coisa, não a explicamos, a sentimos. Então amigo leitor, não se preocupe em explicar ou entender a poesia, apenas se permita senti-la. Deixe-a imergir no fundo de sua alma, e você verá a quão gostoso sentimento a poesia nos leva.
Também não se preocupe com o estilo ou escola literária. Não pergunte se é uma poesia parnasiana, concreta, barroca ou pós-moderna, apenas sinta. A propósito disso, Órris Soares, prefaciando uma das edições do livro “Eu e outras poesias”, do Augusto dos Anjos, diz que “Isso de escola é esquadria para medíocres. Só existe uma regra de escrita – a do escritor apoderar-se de sua língua e manejá-la de acordo com seu individualíssimo sentir.” Assim, deixemos a escola literária de lado.
Lê uma poesia é mergulhar nas mais profundas entranhas do poeta, é se embebedar na sua dor ou alegria, é viajar pelo mundo da sensibilidade, da subjetividade. Não lembro quem falou isso, mas certo poeta disse um dia de maneira figurativa que “todo poeta é mentiroso.” Mas a poesia é uma mentira do bem, que não faz aparecer verrugas na ponta do nariz e nem o faz crescer.
Outro dia estava lendo Augusto dos Anjos para meus sobrinhos de quatro e sete anos. Quanta audácia e ingenuidade de minha parte! Lê para duas crianças que ainda estão rabiscando as primeiras letras um poeta ainda hoje incompreendido por muitos. Mas para minha surpresa os moleques adoraram, principalmente quando lia os versos que falam do morcego e dos vermes.
Então amigo leitor, se me permite um conselho, leia, leia bastante. Permita que a poesia, assim como os vermes tão angustiosamente citados na obra do maior poeta paraibano, penetre em suas vísceras sentimentais e lhe possibilite navegar pelo mundo da subjetividade que só conhece quem lê.
Ilton Simôa
Colaborador do Movimento Alternativo Goto Seco

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